terça-feira, 22 de janeiro de 2008

OS TRÊS PRIMEIROS MESES


A primeira coisa a fazer: Comprar revistas e acessar sites de gravidez. Claro, além de procurar um bom acompanhamento médico. AH, quem diria... Eu fazendo pré-natal. Gente, minhas amigas não acreditaram quando contei a novidade. Todas: _ Vocêeeeeeee, mãe? Depois completavam: _ Sua louca! Ainda bem que nunca precisei de consolo. A idéia de ter uma criança assustou, porém começou a ficar divertido apesar da caretice. No cigaretts, no drinks, no drugs... Nem sexo. Pode acreditar! Minha libido baixou totalmente. Lucrécio, que sempre elogiava a minha performance, entrara no deserto do Saara. Ruim para ele, pior para mim. Afinal, fui alvo de muito mais.

As mudanças que um bebê trás na vida de uma mulher começam pela geladeira. Iogurte sem gordura, leite desnatado, pão integral, quase tudo light... verduras, legumes, hamburger só se for de soja.
Enfim, adeus às batatas fritas, às vodkas e aos excessos pecaminosos.
Depois de ajustar a lista de compras, é a vez do armário. As roupas ficam incômodas. Isso quer dizer que você de 40 vai passar a vestir 44. Não se assuste! A explicação é que a bacia dilata para a passagem do bebê. Ou seja, seu quadril fica do tamanho de um bonde. Também não se preocupe com a beleza porque os homens adoram grávidas. Os seios ficam como os das atrizes de filme pornô. Seu parceiro vai ficar hipnotizado e você com vergonha até acostumar com o aumento de recheio.

Lembro quando a minha mãe foi passar uns dias lá em casa para ver de perto o surgimento da barriga. Ao tirar a blusa na frente dela, ela gritou: _ Caralho!!! Eu: _ O que foi, um bicho? Ela: _ Não, suas auréolas! Realmente, as auréolas dos meus seios estavam grandes e escuras. Li num livro que é para o bebê enxergar melhor onde fica a mina de leite. PORRA!!! O meu não vai ter como errar!
É importante o uso de sutiã, parceiro imbatível durante os nove meses. Hora de esquecer as blusinhas de alcinhas, aquelas bem à vontade, super verão. Os modelitos têm que sustentar em cima e proporcionar conforto embaixo. Porque xixi é toda hora. Logo, nada de apertar a bexiga ou o tempo de intervalo entre as idas ao banheiro pode cair.
O legal é que grávida tem acesso livre em qualquer lugar. Na rua, quando percebem uma grávida apertada, mostram logo o caminho do toilete sem questionar. Se o confessionário fosse só para xixi, seria lindo. Mas tem os enjôos.



Os três primeiros meses são sinônimo de cara de cu diante do espelho. Depende da gravidez. A minha foi um “Deus nos acuda”. E não era frescura com cheiro, comida, essas coisas não. O meu buraco foi bem mais embaixo. Não podia ver a cara do Lucrécio. Nem falar com ele pelo telefone. Era Raul na hora! Imagina como deve ser frustrante para um pai ver que a mulher com quem ele vai ter um filho não agüenta o cheiro dele, não quer olhar para ele e nem ser tocada por ele. Ele pirou!!!! Quanto mais tentava ajudar, mais piorava a situação.
Teve um dia que acordei com um mau humor terrível. Todas as manhãs eram difíceis e penosas. Naquela, deu vontade de sumir. Tinha acabado de levantar. Não tinha pão, queijo, nada para tomar café. Alguém teria que ir na padaria, ele não tinha se tocado disto. Lucrécio vem e me trás uma flor dizendo: _ Você já sentiu o cheiro dessa flor? Urggggggggggg! A minha vontade, naquela hora, era pegar a flor com toda raiva da mão dele e comê-la. Mastigando com força. Mas simplesmente peguei a flor e joguei no chão. Ele ficou puto. Puxou um sermão de meia hora. Poxa, o cara ao invés vir com uma bandejinha de café da manhã, uma frutinha ou algo parecido. Vem com uma flor sabendo do enorme risco que estava correndo. Não dá!!!
Assim, entre tapas e beijos, entres términos e voltas, nossa relação resistiu. Deu pena do Lucrécio, sempre tão bonzinho.

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