sexta-feira, 25 de janeiro de 2008

TRÍADE ACEITAÇÃO: Eu mesma, minha família, família dele.


No topo da pirâmide:
Entender que a barriga cresce é aparentemente impensável para alguém que sempre se preocupou em alcançar o abdômen sequinho e a silhueta de pilão. Inflar como um balão ultrapassa qualquer romantismo que é em gerar uma vida (venhamos e convenhamos). A pior fase é quando ninguém sabe que você está esperando um bebê e te chamam de gordinha. Ser obesa tudo bem, é questão de biotipo. Mas GORDINHA, é sacanagem! Como se fosse falta de personalidade. Lucrécio, sempre disse que eu estava linda. Não adiantava muito, eu precisava me sentir bem.

A praia é o pior lugar para se freqüentar no início da gravidez. O desfile de saradas deixa a gente meio para baixo. Se o parceiro estiver junto então, piorou. Você pensa: _ Estou uma baranga! Dá vontade de fincar uma plaquinha de esclarecimento na areia: MUSCULAÇÃO INTERROMPIDA POR UMA GRAVIDEZ DELICADA, DESCULPE O TRANSTORNO! BREVEMENTE NOVAS INSTALAÇÕES.

Mas como tudo passa, no quarto para o quinto mês, minha barriga DE GESTANTE começou a aparecer. Tinha chegado a hora do acerto de contas! Em qualquer oportunidade, estava eu de topzinho com uma calça bem baixa ou um saião. Todo mundo ía saber a verdade. Não se tratava de uma gordinha, mas de uma grávida gostosa. É!

Aí começam os elogios na rua, tanto de mulheres como de homens. E você passa a se sentir a mulher mais bonita do mundo!!! A minha aceitação da gravidez começou, assim, pelo corpo. Sendo que vem também a paranóia do parceiro. Sei lá, Lucrécio ficou meio paranóico. Como eu não queria dar para ele por causa da libido baixa. Ele achava que alguém poderia estar se dando bem no ‘pé-de-Lucrécio’.

A base:
Eu contei para a minha mãe que estava grávida assim que soube da façanha. Já com o resultado positivo do teste do xixi em mãos, liguei para ela e perguntei se ela gostaria de ser avó. Do outro lado da linha, o silêncio de 15 segundos seguido de um riso contido e uma voz embargada: _ Magnólia, você está grávida? Respondi: _ Não, mãe. Vou fazer o teste agora. Mas antes, quero saber sua opinião. Seria melhor abortar? Ela:_Não!!!! Você está doida? Se vier, vamos criar com todo amor. Pronto! Estava decidido. Com esta resposta, mesmo se o Lucrécio não quisesse, eu iria enfrentar o desafio.

Desliguei o telefone e perguntei para o Lucrécio: _ Você quer ser pai? Ele também ficou mudo por alguns segundos. Riu, riu, franziu a testa mil vezes... E disse que sim, que sempre me imaginou como esposa e mãe dos filhos dele, mas só que foi cedo demais. Quis deixá-lo à vontade quanto à decisão. Disse que teria a criança e que se ele não assumisse tudo bem. Ninguém precisava saber, nem a família dele. Eu criaria o bebê com a ajuda da minha família. Com convicção ele respondeu: _ Mag, nós vamos ter um filho! Foi lindo e ao mesmo tempo assustador. ÁREA DE TURBULÊNCIA!!!! Nossa relação ainda era imatura. E de namoradinho para “até que a morte nos separe”, ai, ai, ai. Deu um frio na espinha. Não pelo bebê, mas por ter que carimbar o passaporte para uma vida a dois, digamos eterna enquanto dure... ADEUS SOLTERICE, MORAR SOZINHA, NÃO TER QUE DAR SATISFAÇÕES, PORRES, NOITADAS INCONSEQUENTES, ADEUS! Era a vez de eu me regenerar, não havia saída.

Nisso, durante todas essas revelações, minha mãe ficava ligando de cinco em cinco minutos. Na última ligação, ela já tinha comprado uma centopéia de pelúcia de quase dois metros para decorar o chão do quarto do netinho. Pelo visto, a aventura estaria começando.

Do outro lado, o pior:
Na minha família, tudo é festa! ‘A gente briga, mas a gente se adora e se diverte’ demais. Mas, na família do Lucrécio, o buraco é mais embaixo. A mãe dele adora a Europa, aí já viu. Falou que ter um filho no Brasil era irresponsabilidade social. Ainda mais sem saber a procedência da minha família.
Opa, espera aí!!! Agora, feriu os Siri na Lata Pereira de Souza. Não estamos falando de cachaça de última, não, minha amiga. Fui nascida e criada na Ilha do Governador; sou neta do sambista “Porém” da Velha Guarda da Portela e gerada numa família de ex-bicheiros; e sempre fui respeitada na comunidade, seja no asfalto ou no morro. Então, sogrinha, A MARCA AQUI É REGISTRADA e com garantia de fábrica. Tá pensando o quê?
Pegar avião e estudar no exterior é fácil, com todas as dificuldades ainda é um luxo. Quero ver se meter dentro de um 485 lotado, encarar uma Linha Vermelha ou a Av. Brasil e quando chegar em casa ainda ter que esquentar a barriga no fogão com um tiroteiozinho rolando de vez em quando.

Irmãozinhos, eu digo, eu vi o mundo dar voltas sóbria! Saca essa: A minha cunhada, irmã mais velha do Lucrécio, apareceu grávida de 7 meses. FOIIIIIIIII! Ela, que nos dava lição de moral via internet, estava escondendo a gravidez, acredita??? A mãe dele quase teve um troço quando descobriu que seria duplamente vó. E tem mais um detalhe: A procedência, ou a paternidade, era desconhecida. Foi preciso fazer alguns testes de DNA para verificar a origem do produto. Verdade! Se fosse lá no morro íam dizer:_ Quem tem telhado de vidro, amigo, tem que saber como joga marimba.

3 comentários:

Divinius disse...

Gostei de ler:)

Anônimo disse...

Caraca, show de bola!!!
Gostei de como falou da família.
Beijos
TIA AVÓ.

carolina rodrigues disse...

outro dia fui na feirinha comprar um vestido,daí eu com 4 meses,já com uns kilos acima da ordem,vi um vestido no manequim só que era curto,e perguntei o preço e claro se tinha tamanho G,a dona da barraca disse:
é para vc?
eu:sim?!
ela:esse é tamnho único?!
eu:hhhá tá,é que estou grávida,preciso de tamanho G.
ela:hum sim,é que nós nunca sabemos se é legal perguntar se está grávida pois,as vezes não é gravidez é ficamos sem graça de perguntar.
Me senti uma semi-obesa,pois obesa eu serei no futuro final da gravidez então,daí comprei o vestido G NÉ, FAZER O QUE?RS

MUITO BOM MAGNÓLIA !ME IDENTIFICO.