sábado, 24 de maio de 2008

Ei mulé


Passava por ali quase todos os dias. Via a grande quantidade de carrinhos e os bebês com suas acompanhantes. Algumas delas vestiam branco. Mas não era isso que as tornavam babás. E sim os cabelos penteados. É, porque as mães estão, geralmente, com um rabo de cavalo improvisado para esconder o mafuá e óculos escuros para as olheiras. Mal dormimos. Imagina se dá tempo de tomar café, tomar banho, passar hidratante então... hahahahahhaa.
(Mas passageiro... Paolo está cada dia mais comportado).

Sim, voltando à estória... Sem querer me misturar com elas. Reparava tudo de longe para tentar aprender algo. Como segurar o bebê na hora do sol, o que levar para a pracinha, que tipo de brinquedo comprar. Na verdade, tinha medo de entrar para o grupo e passar a conversar coisas do tipo: tonalidade de cocô, creme contra assaduras e novelas.

Puro engano! Esqueci que tanto as babás como as outras mães são como eu, têm as mesmas necessidades e angústias. Falam sobre sexo, política e futebol. São arquitetas, designers, advogadas e etc. Digo só para constar também, porque ali a profissão não significa muito ou quase nada.

Uma das mães chama-se Valesca. Ela é do norte, mulher de porteiro. Mal sabe, já me ensinou à beça. Conversamos logo no primeiro dia em que decidi parar na pracinha. Voltei para casa mais mulher. Passei a roupa do Lucrécio e tudo. Percebi que mulher não cuida só do filho. O marido também deve ser amado e paparicado. O pacote deve ser completo e o investimento é de longo prazo. Sabe como é, Lucrécio DISSE que vai pagar o tratamento das estrias. Já viu. Tem que chamar de amorzinho e mais um pouco.

Hoje, respeito todas as mães, sem distinção. Todas elas tem uma sabedoria a dizer, revelar. Com elas, por exemplo, vi que o sexo depois de um parto é outro parto! Rsrsrsrsrs. Eu não seria a única no deserto do Saara como imaginava. Minha médica disse que ao amamentar a mulher libera um tipo de hormônio que diminui a libido. Na praça, esta informação foi recebida com alegria e alívio por todas. Assim como eu, elas adoraram não se sentirem estranhas no sexo. Falei também sobre a minha aventura no sexshop para encontrar um estímulo ao menos. E papo vai, papo vem.

Fui recorrer a uns oleozinhos. Só a uns oleozinhosssssss!!!!!! Meninaaaaa, a parede do lugar quando você entra é cheia de piru de tudo quanto é tipo e tamanho com funções variadas. Minha vontade era sair correndo dali. Mas garantir a noite do Lucrécio era mais importante. E se dependesse do balconista. Ele explicou todas as novidades e tendências do mercado da sacanagem. Tem de tudo! Contudo, eu fiquei no basicão mesmo. (Coé? Meu nêgo dá conta do recado, ora). O bicho tá pegando é pro meu lado! Faz tempo que não respondo a altura.
É difícil ser mulé!!! Estou aprendendo com elas na praça sob o sol.

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